quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Conto \♥/

Boa Noite amores *-*
ooooh dia de conto no blog eeee.eeee
sim ainda são contos da galera do Face *-*

O de hoje é de Leonardo Souza

NOITE NO CAFÉ 

Era tarde, e todas as pessoas já tinham deixado o café. Com exceção do velho que continuava sentado na poltrona do canto. O velho gostava de ficar ali, o quanto pudesse. Era um pouco surdo, mas quando o ambiente esvaziava, ele sentia a diferença. Só tinham dois garçons do café, um deles era eu. Sempre tínhamos que manter o olho no velho, pois de vez em quando, já muito bêbado, saía sem pagar. Embora na maioria das vezes fosse um bom cliente, deixando algumas gorjetas de 10 ou 20 reais.
Nós dois olhávamos para o velho enquanto limpávamos as mesas do fundo. O velho ainda bebia seu conhaque e olhava pela janela, na direção da principal praça da cidade.
— Você sabia que ele tentou se matar semana passada? — perguntou o meu colega.
— Por quê?
— Disse que se sentia desesperado...
— Desesperado? Por quê?
— Não tenho ideia cara
— Como você sabe disso?
— O velho é rico pra cacete. Parece que todo mundo na cidade sabe que ele tentou se matar.
Estávamos sentados na entrada do café na mesa encostada à parede, enquanto o velho ainda estava sentado do lado de dentro. Acendemos um cigarro enquanto víamos a praça. O velho sentado terminou de beber o copo de conhaque e bateu com o copo no pires, e como eu tinha servido da última vez, o outro garçom foi atendê-lo.
— O que o senhor deseja?
— Outro conhaque — pediu o velho, olhando para fora da janela.
— O senhor ficará bêbado — observou o garçom. O velho se virou e encarou o garçom em silêncio, até que se afastasse.
— Pelo jeito o velho vai ficar aqui até amanhecer — me disse. — Já estou morto, queria chegar em casa antes das três da madrugada, pelo menos uma vez na semana… Esse velho bem que podia ter morrido semana passada.
Sentou em cima do balcão e puxou a garrafa de conhaque lá de baixo. Dirigiu-se à mesa do velho e colocou a garrafa na mesa. O velho estendeu o copo e o garçom serviu mais uma dose.
— Bem que o senhor podia ter morrido semana passada — falou ele ao velho surdo. Antes dele se virar, o velho o puxou pelo paletó, encarou seus olhos e disse:
— Bote um pouco mais, por favor — O garçom serviu de novo, desta vez, até cair conhaque pela borda do copo.
— Obrigado — agradeceu-lhe o velho.
O garçom voltou na minha direção fechando a garrafa e se sentou no balcão, apoiando a garrafa ao lado.
— O velho já tá dando trabalho.
— É a mesma coisa, toda noite…
— Por que é que ele queria se matar, afinal?
— Sei lá…
— Quem o impediu de se matar?
— A sobrinha.
— Quanto de dinheiro ele tem?
— Muito.
— Parece que já tem uns oitenta e tantos anos.
— Pois é. Até mais, talvez.
— Maldito velho. Eu podia estar dormindo agora.

— Ele gosta de ficar aqui.
— Porque é um velho sozinho. Eu não sou nem velho, nem sozinho. Tenho minha mulher à minha espera em casa.
— Pois ele já deve ter tido uma mulher, algum dia…
O velho levantou os olhos do copo, olhou vagamente para a praça, e olhou para nós.
— Outro conhaque — ordenou, apontando para a garrafa no balcão.
Desta vez eu fui. Peguei a garrafa e enchi o seu copo. O velho me agradeceu.
— É a última, depois desta estamos fechando – disse eu ao velho.
— Senta aí rapaz. Essa garrafa já está quase no fim. Vamos terminar, e depois podemos ir embora dormir.
Antes que eu pudesse me sentar, o outro garçom veio de longe já gritando:
— Nem pensar! São duas e tantas da manhã! Ao contrário de você, que não tem ninguém que te ama em casa, eu tenho uma esposa me esperando!
O velho tomou um gole, olhou pela janela e depois para mim. Afastou-se um pouco da cadeira, e encarou meu colega.
— Amor? Você sabe sobre o que diz garoto? Você consegue imaginar a sua vida sem a sua esposa?
Depois de algum tempo, ele respondeu:
— Sim, seria pior, mas sim.
O velho sorriu, mostrando os dentes amarelos, e com um bafo de conhaque insuportável. Passou a mão pelos cabelos, colocou sua cadeira na posição original e estendeu o pano da mesa. Em seguida, olhou para baixo, fechou o rosto e colocou a mão no copo.
— Não. Você não sabe o que diz rapaz — Disse ele virando outro gole. — Eu vou te contar uma história. Há muito tempo atrás, veio para esta cidade um garoto que costumava passar o dia todo bebendo aqui. A única coisa que ele dizia, era que ia se matar. Deixou todo mundo nervoso durante meio ano. Um guarda avisou que era ilegal. Todos tentaram fazer o guarda dizer que falar sobre isso era ilegal, mas o próprio guarda não tinha certeza se era ou não. Depois de um tempo, todo mundo se acostumou com a ideia dele, e uma porção de gente bebia e conversava com o cara, inclusive eu. Na época, eu também queria me matar e acabei convencendo ele de que nós dois deveríamos nos matar juntos. Depois de um tempo, nós nos apaixonamos um pelo outro. Desistimos da ideia do suicídio e começamos a nos encontrar em segredo.
O velho tomou o copo até o final e apontou o dedo para a praça do lado de fora do café. Ambos estávamos presos à história e resolvemos colocar mais conhaque para ele.
— Naquela praça ali, era onde a gente sempre se encontrava. Depois de um tempo, fomos descobertos. A esta altura, todos já o chamavam de suicida, mas agora, éramos chamados de bichas. Minha família nunca aceitou. Como tínhamos muito dinheiro, eles me mandaram pra Europa, para estudar. Antes disso, nós passamos uma única noite juntos, naquela praça. Prometemos um para o outro que íamos nos matar juntos, quando eu voltasse. Ele dizia que os suicidas iam todos para o mesmo lugar no inferno. De certa forma, estaríamos unidos eternamente. Depois de meses, recebi a notícia que ele tinha apanhado e sido morto por alguns caras do bar. Nunca encontraram realmente quem foi o culpado, até porque eram muitos. Mas eu voltei. Voltei e resolvi que ia gastar todo o dinheiro em bebida nesta praça, e talvez um dia, ele apareça na praça de novo. Eu não consigo conceber a ideia de vida sem ele, e assim, vou vir aqui todas as noites enquanto não morrer.
O velho se levantou, contou lentamente o dinheiro, e jogou na mesa, enquanto olhávamos para ele. Colocou o agasalho e acendeu um cigarro. Deixou uma gorjeta no balcão e nós o acompanhamos até a saída.
Ao sair na rua e se deparar com a praça, ele para e termina de fumar o cigarro. Eu me aproximo e pergunto:
— Você ainda o ama? Até hoje? — O velho sorri para mim enquanto tenta fumar o final do cigarro, quase chegando ao filtro.
— Nós pertencemos um ao outro e aqui morreremos. Ainda que não seja no mesmo dia, mas, ainda assim, juntos.
O velho caminhou ainda um pouco bêbado em direção à praça, se perdendo no meio da escuridão.

OMG CONTO SUPER FOFO .... *-*
POR FAVOR, NÃO ROUBEM OS CONTOS DO BLOG :*


NADA FOI MODIFICADO NO CONTO
ATÉ O PRÓXIMO POSTE :*

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